Segunda parte da entrevista à conhecida sexóloga Vânia Beliz! ... uma entrevista sem papas na língua.
Esta é a segunda parte da entrevista à conhecida sexóloga Vânia Beliz!
Leia aqui a primeira parte desta entrevista
FICARGRAVIDA.COM (FG): Essas alterações no corpo da mulher podem também suscitar uma reação diferente no pai, não é assim?
Leia aqui a primeira parte desta entrevista
FICARGRAVIDA.COM (FG): Essas alterações no corpo da mulher podem também suscitar uma reação diferente no pai, não é assim?
VÂNIA BELIZ (VB): Existem muitos homens que revelam dificuldade na intimidade com as parceiras durante a gravidez, muitos por medo de magoarem a mãe e o bebé e outros porque não se sentem atraídos pelo corpo modificado da companheira. A gravidez pode ser motivo de afastamento e muitas vezes a ausência de cuidados no pós parto faz com que as mães nunca recuperem a sua forma, o que pode fazer com que alguns homens possam sentir menos atracção.
FG: Na sua experiência, ainda existem muitos casais com medo de ter relações sexuais na gravidez?
VB: Existem porque há ainda um grande desconhecimento, no primeiro trimestre existem poucas alterações visíveis e muitos casais temem que a relação sexual prejudique o evoluir da gravidez, medo e ansiedade podem tomar conta do casal, especialmente se houverem situações anteriores de perdas. O importante é que se sigam as indicações dos médicos que são os profissionais que podem avaliar se existe risco ou não. Após esta avaliação e se tudo correr normalmente não há porque ter receio, uma vez que a relação sexual gratificante proporciona muito bem estar.
FG: É verdade que existem estudos científicos que comprovam que quanto mais frequentemente um casal tiver relações sexuais durante a gravidez maior é a possibilidade de nascer uma criança saudável?
VB: Não tenho quaisquer dados em relação a estas considerações ou possíveis resultados. Se o casal estiver feliz e se houver satisfação no casal, independentemente da frequência sexual, acredito que todos saem a ganhar.
FG: Acredita que manter relações sexuais na gravidez contribui, de forma positiva, para que a mulher continue a sentir-se desejada, apesar de todas as transformações por que o seu corpo está a passar?
VB: A proximidade e cuidado do parceiro são fatores importantes para o suporte da mulher durante a gravidez. Mais do que a frequência sexual é o interesse manifestado pelo companheiro. É importante que se mantenham as rotinas e que o casal se entregue se não houverem indicações médicas contrárias. A relação sexual tem um papel importante no relaxamento e na vinculação dos casais.
FG: No último trimestre de gravidez o tamanho da barriga, por vezes, atrapalha na relação sexual. Existem posições sexuais mais confortáveis do que outras, nesta altura?
VB: Sim, no último trimestre, como no primeiro a frequência sexual tende a reduzir. O casal deve procurar posições confortáveis para ambos e essas posições vão depender da intimidade de cada um.
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FG: Falemos agora de uma questão que “assusta” muitos pais: assistir ou não ao parto. É verdade que assistir a um parto vaginal pode fazer com que o homem perca o desejo sexual pela sua companheira ou isso é apenas um mito?
VB: Não considero que seja um mito e por algum motivo os pais são “convidados “ a ficar ao lado da mulher e não à frente do cenário do parto. Na minha opinião pessoal acho que o casal enquanto futuros pais tem muito a ganhar com este acontecimento mas enquanto amantes muito a perder. Mas é um assunto polémico, por isso é importante que não os forcemos a nada, se o casal estiver confortável perfeito, se houver duvidas não me parece que seja aconselhado pressiona-los a ficarem lá mas como disse, são opiniões e como tal devem ser respeitadas. O mais importante é que o casal não passe apenas a viver o ser papel de pais esquecendo-se do seu papel de amantes, o que infelizmente acontece com muita frequência.
FG: Quando nasce um bebé os papéis do casal sofrem um ajustamento: a partir daquele momento para além de amantes são também pais. Isso traz diferenças a nível do comportamento sexual do homem e da mulher?
VB: Muitas diferenças, a alteração do foco da atenção passa a ser obviamente o bebé e o casal enquanto “amantes” pode ficar esquecido uns tempos ou para sempre. Muitas mulheres após a maternidade ficam mais “reservadas, complexadas” sentindo-se mal se se envolverem em determinadas práticas. O papel de mãe de família afasta-se do papel da amante voluptuosa. È importante que o casal compreenda as mudanças e que não se perca entre fraldas e mamadas.
FG: Existe alguma relação entre amamentação e a falta de desejo sexual?
VB: Sim, durante a amamentação as hormonas tem como principal função vincular a mãe exclusivamente ao bebé fazendo com que o seu interesse ou desejo pelos parceiros diminua substancialmente.
FG: Muitos casais referem algum afastamento com o nascimento de um bebé. Como combater essa situação?
VB: É importante que o dialogo se mantenha e que não se caia em falsas expetativas, um bebé necessita de muita atenção que é roubada ao casal. É importante que o papel mãe, namorada e amante convivam sem medo. É importante que o casal tenha durante a semana tempo de qualidade para si, podem por exemplo impor rotinas ao bebé de forma a conseguirem usufruir dos serões por exemplo, bom para os pais e ótimo para os bebés que precisam de uma boa rotina de sono. É importante que o nascimento não prenda o casal e por isso é bom que os pais tenham uma rede de amigos ou familiares que por vezes se disponibilize pelo bebé quando o casal precisa de um tempo para si.
Drª Vânia Beliz, Psicóloga Clínica Especialista em Sexologia:
- Licenciada em Psicologia Clinica pelo Instituto Superior D. Afonso III, Loulé, 2005
- Mestrado em Sexologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias de Lisboa, 2010
- Responsável durante 3 anos pelo espaço de aconselhamento sexual nos Salões Eróticos do Porto, Lisboa e Algarve
- Consultora até Julho de 2012, da Sensualemotion, Empresa de venda online de produtos eróticos e sensuais.
- Autora do livro O Ponto Quê, Prazer no Feminino,2011, OBJECTIVA (editora).
- Apresentadora da Rubrica Final Feliz, Programa Curto Circuito, SIC RADICAL, desde Junho de 2011
- Cronista do separador Life&Style, Família e Relações, do jornal PUBLICO
- Cronista no jornal Mundo Universitário
- Participação em vários encontros, palestras e seminários como oradora em diversos temas tais como: Sexualidade Feminina; Educação Sexual; Sexualidade na Terceira Idade, Sexualidade na Deficiência.
- Colabora regularmente com vários órgãos de comunicação social.