Entrevista ao Prof. Dr. João Luís Silva Carvalho, um dos maiores investigadores do mundo na área da infertilidade. A paixão pela sua atividade transparece em cada palavra desta entrevista, fértil em informações que vão ajudar muitos casais que têm problemas em engravidar (e não só). Leia tudo aqui!
Temos a enorme honra de ter como nosso entrevistado um dos maiores investigadores do mundo na área da infertilidade: Prof. Dr. João Luís Silva Carvalho.
Actual presidente da Direcção do Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos (Portugal), Diretor Clínico do CETI [Centro de Estudo e Tratamento da Infertilidade] e Professor de Ginecologia da Faculdade de Medicina do Porto (Portugal) acumula também sucessos como investigador. Em 2011, foi agraciado com um dos mais prestigiados e cobiçados prémios internacionais - a Grant For Fertility Innovation - que concede um milhão de euros ao projeto científico escolhido.
A paixão pela sua atividade transparece em cada palavra desta entrevista, fértil em informações que vão ajudar muitos casais com problemas em engravidar (e não só).
FICARGRAVIDA.COM (FG): O Prof. Dr. João Luís Silva Carvalho é reconhecido pelo seu trabalho na área da infertilidade. Qual o trabalho que mais o marcou, até hoje, como investigador?
Actual presidente da Direcção do Colégio da Especialidade de Ginecologia e Obstetrícia da Ordem dos Médicos (Portugal), Diretor Clínico do CETI [Centro de Estudo e Tratamento da Infertilidade] e Professor de Ginecologia da Faculdade de Medicina do Porto (Portugal) acumula também sucessos como investigador. Em 2011, foi agraciado com um dos mais prestigiados e cobiçados prémios internacionais - a Grant For Fertility Innovation - que concede um milhão de euros ao projeto científico escolhido.
A paixão pela sua atividade transparece em cada palavra desta entrevista, fértil em informações que vão ajudar muitos casais com problemas em engravidar (e não só).
FICARGRAVIDA.COM (FG): O Prof. Dr. João Luís Silva Carvalho é reconhecido pelo seu trabalho na área da infertilidade. Qual o trabalho que mais o marcou, até hoje, como investigador?
Já agora, e a este propósito, recordo o estudo sobre a prevalência, atitudes, comportamentos e práticas, da infertilidade em Portugal, que realizamos há 2 anos e que é um estudo único no país. De forma sugestiva, chamou-se Estudo Afrodite.
FG: Ajuda muitos casais a conseguir o sonho de ter um filho. No contacto com pacientes, quais foram os casos que mais o marcaram? Recorda algum com particular carinho?
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JLSC: Recordo muitos de forma especial. Porque cada caso é de natureza diversa, traz sempre particularidades específicas com sofrimento individual próprio. Cito como exemplo, o de um casal que tinha perdido dois filhos em grave acidente e em que foi possivel repor a estrutura familiar recorrendo à fecundação in vitro. Tiveram dois novos filhos.
FG: Actualmente está a realizar uma investigação – à qual foi atribuído o prestigiado prémio internacional Grant For Fertility Innovation - que tem como objectivo promover uma taxa de sucesso mais elevada nos tratamentos de procriação medicamente assistida. Pode falar-nos um pouco sobre a investigação?
JLSL: Esta resposta está relacionado com a minha primeira questão.
Pretende-se ter métodos não invasivos de selecção dos ovócitos que assegurem um desenvolvimento embrionário competente. Isso poderá aumentar as taxas de êxito das técnicas de reprodução medicamente assistida. Até ao presente, a avaliação dos ovócitos capazes de assegurar competência de desenvolvimento é efectuada por critérios morfológicos, obtidos pela observação ao microscópio, pretendendo-se atribuir a esses critérios um valor predictivo do sucesso da fecundação in vitro. Só que não existe consenso na valorização desses aspectos morfológicos, que muitas vezes não correspondem à real qualidade e não têm um valor predictivo.
Na FIV, a avaliação morfológica dos embriões pré-implantatórios e do seu estado de desenvolvimento é um elemento chave no trabalho de um laboratório de procriação medicamente assistida. Essa avaliação é efectuada em determinados momentos pré-determinados, check points, por critérios internacionais de caracterização, que são pouco rigorosos em termos de valor predictivo de sucesso.
Na ICSI, a avaliação ovocitária é feita de forma muito rápida, depois da desnudação, pela avaliação do citoplasma, do espaço perivitelino e da zona pelúcida. A informação obtida é muito superficial e apenas aproximada do estádio de desenvolvimento (vesicula germinativa, metáfase 1 ou metáfase 2) e da qualidade (sinais degenerativos do citoplasma, globo polar ou zona pelúcida). Depois, todos os ovócitos em metáfase 2 são microinjectados. A partir desse momento o potencial de desenvolvimento é avaliado exclusivamente na base da morfologia do embrião, independentemente da qualidade do ovócito do qual derivou.
É evidente, que a avaliação global ao microscópio da morfologia dos ovócitos é muito grosseira. Contudo, é a qualidade ovocitária que é o factor determinante da fertilidade da mulher, determinando o potencial de desenvolvimento intrínseco. A estimulação ovárica, na reprodução medicamente assistida, complica ainda mais esta situação. Em contraste com o processo in vivo, no qual a maturação ovocitária ocorre como resultado de um processo de seleccção natural longo e meticuloso, a estimulação ovárica elimina o processo de selecção e permite maturação idêntica de muitos ovócitos com qualidade intrinsecamente comprometida, com consequências para o desenvolvimento embrionário e até a longo termo. Assim, para se obter uma informação completa sobre a qualidade ovocitária, é necessária uma análise, preferencialmente não invasiva, de marcadores chave ainda não adquiridos.
Como a selecção ovocitária, antes da inseminação in vitro, pode ter importância em muitas situações, é fundamental estabelecer novos parâmetros de avaliação que sejam verdadeiramente reveladores sobre a qualidade do ovócito. A nossa investigação dirige-se a factores intrínsecos, quer existentes no ambiente que o rodeia, quer os que veiculam o diálogo e as influências trocadas entre esse ambiente e o próprio ovócito.